14 de janeiro de 2020
Foto: Orlando Brito/Veja

A deterioração da democracia no Brasil após a eleição do governo de Jair Bolsonaro foi matéria no jornal El País desta semana (12). No texto, a jornalista Naiara Galagarra Gortázar assinala que a situação só não foi pior devido à ação de freio dos poderes legislativo e judiciário e que o autoritarismo do presidente é assunto frequente nos editoriais dos principais jornais.

A matéria ressaltou que não faltaram exemplos para o comportamento autoritário de Bolsonaro no seu primeiro ano de governo. Entre outras demonstrações, o político de extrema-direita propôs boicote à imprensa, ameaçou o jornalista Glenn Grennwald de prisão por seu trabalho no The Intercept Brasil, falou constantemente em eliminar a oposição, destituiu arbitrariamente o diretor do Inpe, órgão que monitora o desmatamento na região amazônica, elogiou publicamente figuras como Pinochet e Stroessner e defendeu que militares e policiais pudessem agir sem restrições durante o exercício de suas funções de combate ao crime.

Ainda de acordo com a reportagem, a alteração na qualidade da democracia no Brasil não passou desapercebida no âmbito internacional. A alta-comissária para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e ex-presidente do Chile Michelle Bachelet manifestou recentemente sua preocupação com a “redução do espaço democrático no Brasil”. Além disso, a matéria traz o relatório de 2019 do instituto Varieties of Democracy (V-Dem), de uma universidade sueca, que alerta para uma guinada autocrática no Brasil que vem ocorrendo desde 2017 e também classifica o país como uma democracia eleitoral, ou seja, um regime no qual ocorrem eleições livres, mas que não apresenta funcionamento adequado das instituições democráticas e do Estado democrático de Direito, segundo os conceitos adotados pelo instituto.

O presidente do V-Dem, Staffan I. Lindberg, chegou a comparar a situação no Brasil com aquelas que ocorrem na Turquia, Hungria e Índia e, considera preocupante as ações do governo para calar críticos, adversários políticos, juízes, jornalistas, acadêmicos e membros da sociedade civil. Lindberg alerta para a eliminação de opositores como prática comum de governos autoritários e a adoção recente destas práticas por países que deixaram ou estão prestes a deixar de ser democracias.

Com informações do El País.