17 de fevereiro de 2020
Foto: Ricardo Stuckert

Aumento da desigualdade no mundo, crise ambiental e construção de alternativas solidárias para a economia estiveram na pauta do encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o papa Francisco, que ocorreu nesta quinta-feira (13), no Vaticano.

Em entrevista coletiva após a conversa com o papa, Lula destacou o encontro convocado pelo religioso argentino para discutir com jovens até 35 anos alternativas para criação de uma nova economia mundial.

“É uma decisão alentadora do papa e toca em um assunto vital para o futuro dos trabalhadores do mundo inteiro”, apontou. A atividade ocorrerá em Assis, na Itália, de 26 a 28 de março.

Segundo Lula, Francisco quer deixar um legado “irreversível” para o mundo.

“Nessa idade dele, 84 anos, ele quer fazer coisas que sejam irreversíveis, coisas que fiquem para sempre no seio da sociedade”, relatou. Para o ex-presidente, esse propósito, de impulsionar a juventude a discutir os problemas econômicos do mundo, deve inspirar o movimento sindical, outras igrejas e partidos do mundo inteiro.

A conversa, diz Lula, abordou também a questão dos direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo do século 20, mas “que estão sendo derrubados pela ganância dos interesses empresariais e dos interesses financeiros”.

“Todo mundo sabe o que aconteceu no mundo depois da crise de 2008 e da queda da Bolsa de Nova Iorque. Eu participei de muitas reuniões no G20, desde as primeiros em Washington a última em Cingapura. Todas as decisões que nós tomávamos eram para que não houvesse prejuízo para os trabalhadores, para que não houvesse protecionismo, para que a gente pensasse em desenvolver os países mais pobres, nada disso aconteceu.”

Meio ambiente
Ao discutir a questão ambiental como prioridade, papa Francisco e Lula apontaram a necessidade de produzir meios de energia limpa. “O Brasil é um país que tem um privilégio porque nós temos 80% da matriz energética limpa. O Brasil tem muita energia renovável. O Brasil ainda pode produzir muita energia. E o mundo inteiro pode, seja eólica, seja fotovoltaica, seja solar”, pontuou.

“Nós estamos percebendo que há uma má vontade, apesar dos discursos, dos governantes em se preocuparem com a questão ambiental. Eu só queria lembrar vocês que muita gente deseja romper com Protocolo de Kyoto”, avaliou.

Brasil de Fato | Edição: Rodrigo Chagas